domingo, julho 20, 2008

nota de luto

este blog interrompe sua interrupção para manifestar sua profunda tristeza pelo falecimento do dr. célio de castro, ex-prefeito de bh.


fique com deus, dr. beagá, e obrigada por tudo.
:-(

segunda-feira, junho 30, 2008

seguinte:

estou sem tempo e, confesso, sem o menor ânimo para comentar os últimos desdobramentos da dobradinha "pimentécio" para as próximas eleições municipais em bh. só digo que, mesmo não tendo carro, penso seriamente em mandar fazer um adesivo bem chamativo com os dizeres:

SOU PETISTA,
VOTO JÔ MORAES!

e tenho dito.

domingo, junho 08, 2008

"Existe algo de muito podre em nossa imprensa"

(por Vilmar Berna, escritor e jornalista do Portal do Meio Ambiente)

"Jornalismo é publicar o que alguém não quer que seja publicado; todo o resto é publicidade." – George Orwell

Colegas, todos sabemos que um novo modelo de desenvolvimento e de consumo, mais sustentável e responsável e também mais justo depende fundamentalmente da sociedade saber escolher melhor seus governantes e adotar novos hábitos de consumo. Entretanto, só é possível escolher melhor se a população tiver acesso às informações democráticas e adequadas sobre o comportamento e a gestão dos seus governantes e sobre o real impacto dos produtos que consome.

Se a sociedade só tem acesso às informações positivas sobre seus governantes, e se as informações negativas lhe são negadas, então não pode ser responsabilizada pelas más escolhas que faz ao manter no poder governantes que não deveriam ter sido sequer eleitos.

Quando governantes compram a mídia para que só divulgue o que for positivo e oculte o que for negativo, quando as empresas sonegam informações sobre os reais impactos e sobre as externalidades do que produzem, fazem com que a sociedade prossiga escolhendo eleger os mesmos donos do poder e perseguindo um modelo de produção e consumo que acha o único bom e verdadeiro capaz de gerar progresso e atender às necessidades de todos.

Todos sabem das relações ocultas entre o poder e a imprensa (sempre com as raras exceções, para não sermos injustos), entretanto, também sabemos que é muito difícil comprovar essas relações e mais difícil ainda é conseguir dar divulgação adequada sobre os reais impactos do atual modelo de produção e consumo, numa mídia dependente do poder econômico dos governantes e das empresas para continuar existindo.

O impacto dessas relações ocultas na vida dos profissionais é sufocante, pois sem saber exatamente que tipo de conluio os donos do veículos, seus patrões, estabeleceram com os donos do poder e com os patrocinadores, colocam o emprego em risco todas as vezes em que ousam mostrar o lado negativo de algum poderoso.

Existe algo de muito podre em nossa imprensa eufemisticamente chamada de livre e, pior, parece que ninguém está dando muita bola para isso, no estilo de 'me engana que eu gosto'.

Cito dois exemplos que evidenciam essas relações ocultas. O primeiro é o episódio mostrado pela imprensa estrangeira no vídeo envolvendo o potencial futuro presidente da República Aécio Neves, a TV Globo e os jornais de Minas Gerais.

O segundo exemplo é revelado pela pesquisa do EPCOM (Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação) que ao cruzar os dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com a lista de prefeitos, governadores, deputados e senadores de todo o país comprovou que os políticos de direita são os "donos da mídia" nacional.

No total, 271 políticos são sócios, proprietários ou diretores de emissoras de rádio e TV. Este número, porém, corresponde apenas aos políticos que possuem vínculo direto e oficial com os meios de comunicação – não estão contabilizadas as relações informais e indiretas (por meio de parentes e laranjas), que caracterizam boa parte das ligações entre os políticos e os meios de comunicação do país.

(Fonte: site Vi o Mundo)

segunda-feira, junho 02, 2008

Mais sobre Aécio e a mídia

Meu amigo Pirata reproduziu no site do Fausto Wolff o vídeo produzido pelo Daniel Florêncio para a Current TV, que eu postei aqui antes.

No seu texto, que pode ser lido na íntegra clicando-se aqui, o Pirata relembra que não são de hoje as relações mal-explicadas entre aecinho e a mídia... vejam:

"(...)
em 2.000, o presidente da câmara era aecinho.

$inhá mídia, qual hoje, só fechando no vermelho.

à época, todos os barões de $inhá mídia foram à Brasília, e, praticamente de joelhos, imploraram a aecinho a aprovação da lei de nr. 222.

tal lei permitiria a venda de até 30% das ações de seus veículos para grupos estrangeiros – o que daria aos baronato$ midiáticos um 'oxigênio' e tanto.

(* só para exemplificar, a revista veja, aprovada a lei, associou-se, primeiro, a um grupo midiático de oposição ferrenha a Hugo Chávez; pouco depois, ao atual parceiro, um grupo midiático da África do Sul, conhecido, também, por suas campanhas PRÓ-apartheid.
tutti buona gente...
muito importante: o percentual permitido para a venda de ações - repetindo, de 30% - já foi ultrapassado, mas o congresso até hoje finge entender a confusa matemática apresentada pela revista para explicar as negociações...)

voltando a 2.000.

nunca vira, desde então, aecinho trabalhando tanto, mobilizando tanto.
a lei, enfim, foi aprovada – em regime de "urgência urgentíssima".

é preciso, me diz, ser "gênio", ou, sei lá, "espírito de porco", pra ter a certeza de que ninguém se prestaria a um esquema desse se não tivesse algum equivalente interesse?
(...)"

sexta-feira, maio 30, 2008

Diretório Nacional do PT recomenda a BH que volte a discutir aliança

O Diretório Nacional do PT aprovou por ampla maioria nesta sexta-feira (30), em Brasília, resolução recomendando ao Diretório Municipal de Belo Horizonte (MG) que volte a discutir e deliberar sobre a política de alianças no município, de maneira que seja afastada a possibilidade de coligação com PSDB e PPS – nos marcos do que já havia sido decidido pelo próprio DN e pela Executiva Nacional do partido.

A resolução delega "poderes legais e estatutários" à Executiva Nacional para que também volte a discutir e deliberar, caso necessário.

Leia a íntegra:

Resolução do Diretório Nacional do PT sobre alianças em Belo Horizonte

Considerando o conteúdo político das resoluções sobre política de alianças nas eleições de 2008, aprovadas pelo Diretório Nacional do PT em suas reuniões de 9 de fevereiro de 2008 e 24 de março de 2008;

Considerando as resoluções aprovadas pela Comissão Executiva Nacional do PT nas reuniões realizadas em 24 de abril de 2008, 28 de abril de 2008 e 26 de maio de 2008, acerca das solicitações de alianças com partidos de fora da base de apoio do governo federal;

Considerando a retirada do recurso interposto à decisão da CEN que diz respeito à aliança com o PSDB em Belo Horizonte;

O Diretório Nacional do PT resolve:

1. Recomendar que O Diretório Municipal do PT de Belo Horizonte volte a discutir e deliberar sobre a política de alianças aprovada, afastando a possibilidade de coligação com PSDB e PPS.

2. Delegar expressamente à CEN, com os poderes legais e estatutários cabíveis, voltar a discutir e deliberar sobre as alianças em Belo Horizonte, caso necessário, dentro das diretrizes firmadas nas resoluções do Diretório Nacional de 9 de fevereiro de 2008 e 24 de março de 2008.

Diretório Nacional do PT
30 de maio de 2008

fonte: http://www.pt.org.br

quarta-feira, maio 28, 2008

Documentário sobre a censura em Minas produzido no Reino Unido



O filme fala sobre as relações entre Aécio Neves, a TV Globo e o Estado de Minas. Foi produzido para a Current TV pelo brasileiro Daniel Florêncio, e exibido nos EUA e Inglaterra. Assista e divulgue!

"O prefeito excedeu-se na liderança", diz Patrus Ananias

(Sidney Martins, jornal Hoje em Dia)

Para o PT encontrar uma saída digna para o imbróglio que se criou em BH, o prefeito Fernando Pimentel deverá tomar a iniciativa de rever o processo que possibilitou a formalização da aliança do PT com o PSDB. A opinião é do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. "A correção cabe ao prefeito, porque ele tem a maioria do partido em BH. Mas o PT é um partido nacional e, é claro também que a direção municipal deve estar subordinada a decisão maior do partido. Então, para encontrarmos uma saída digna, decente, nós temos de movimentar um pouco, reavaliar, rever o processo em BH", disse Patrus, em entrevista exclusiva ao HOJE EM DIA.

O senhor foi consultado pelo prefeito Fernando Pimentel sobre se seria ou não candidato à Prefeitura de BH antes do anúncio da aliança?
Foi o contrário, eu comuniquei ao prefeito. Fui convidado pelo presidente Lula para continuar no ministério. Tive, então, de fazer uma opção. Não sou candidato porque não quero. Belo Horizonte é a minha cidade, pela qual tenho um carinho enorme. Inclusive estabelecemos aqui uma base que chegou até o prefeito Fernando Pimentel. A questão é de missão.

O senhor foi consultado por Pimentel sobre a perspectiva de aliança com o PSDB?
Quando comuniquei ao prefeito a minha decisão, sugeri a ele um nome, que ele sabe quem é - não vou voltar mais a esta questão, até por respeito a esta pessoa, mas isto não foi levado em consideração. Com relação ao nome que depois foi apresentado não tive nenhuma participação. Fiquei conhecendo hoje (na última segunda-feira), aqui (no Palácio da Liberdade), o senhor Marcio de Lacerda.

O senhor tem restrições a Lacerda?
Não tenho restrições pessoais a ninguém. As restrições que tenho são em relação à maneira como as coisas foram feitas, inclusive vinculando claramente o processo eleitoral de 2008 a 2010.

A ex-reitora (UFMG) Ana Lúcia Gazzola seria alternativa?
Claro que teríamos de trabalhar os termos fundamentais do conteúdo. Não poderia ser um outro nome imposto como foi o nome do pretenso, do candidato apresentado de cima para baixo. Eu sequer conheço o senhor Marcio Lacerda. A ex-reitora Ana Lúcia Gazzola – é claro que o nome também teria de ser discutido com os nossos interlocutores e dentro do partido – me parece mais plural. Era um nome que foi colocado para ser avaliado com a perspectiva de uma integração mais ampla. É uma pessoa que conheço e respeito. Mas o nome dela também foi desconsiderado como foram desconsiderados outros nomes que nós colocamos no processo.

Houve, então, um atropelamento?
Eu reconheci a liderança do prefeito para conduzir o processo sucessório, mas, talvez, tenha cometido um erro de avaliação. Acreditei efetivamente que o prefeito agisse com racionalidade política, razoabilidade, sensibilidade, bom senso e, sobretudo, espírito partidário. Esperava a condução do processo num contexto de ouvir as lideranças e as bases partidárias, sobretudo as bases autênticas e históricas e não filiados massivos de última hora. O ministro Luiz Dulci também não foi ouvido; interlocutores como o vice-presidente da República, José Alencar, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e outras lideranças da base (de Lula) também não foram ouvidos.

A reação a este processo veio a público, mas não teria sido um pouco tardia?
O próprio prefeito, em determinado momento, reconheceu equívocos na condução do processo. Só que ele reconheceu mas, infelizmente, não tomou nenhuma medida concreta para corrigir esses equívocos e dar ao processo um caráter mais amplo, mais plural, mais democrático e, sobretudo, um caráter mais específico voltado para a questão de Belo Horizonte.

Em que medida o processo em BH foi equivocado?
O prefeito excedeu-se, digamos assim, na sua liderança. Esqueceu-se de compartilhar com outras lideranças históricas do PT e de interlocutores nossos a discussão de uma aliança delicada envolvendo o PSDB, que é um partido que faz oposição ao Governo federal.

A aliança foi aprovada pelos diretórios municipal e estadual; a executiva nacional, por duas vezes, já vetou. Resta o Diretório Nacional. Um outro veto não ficaria "estranho" à vontade que predomina no Estado?
O PT é um partido nacional. Neste sentido, respeitando as especificidades locais e regionais, o PT não pode abrir mão de ser um partido nacional.

O que o senhor defende? É possível uma aliança com o PSDB?
Defendo que as minorias do PT sejam respeitadas. Há, hoje, uma maioria do PT em BH vinculada ao prefeito. Eu questiono esta maioria. Eu acho que é uma maioria que foi construída fora das melhores tradições do nosso partido, que sempre procurou filiar pessoas de forma consciente. Eu considero que é uma maioria artificial. Mas tudo bem, nós não tomamos nenhuma medida contra isso, prevalece. Há hoje, uma maioria concreta, dentro do diretório municipal, do prefeito. Esta maioria não se traduz no plano estadual. Como nós vimos, foi um encontro equilibrado, tecnicamente empatado. E, ao que tudo indica, não prevalece também na direção nacional.

O que o senhor vislumbra, então?
Aqui em Belo Horizonte, o prefeito tem a hegemonia. Mas o PT sempre aprendeu que as minorias não podem ser esmagadas, desrespeitadas nos seus legítimos direitos de militância. Então, o que nós esperamos é um gesto de grandeza do prefeito Fernando Pimentel no sentido de garantir, em primeiro lugar, a unidade do PT em BH. Esta é a responsabilidade dele, porque ele tem a maioria, e foi ele que construiu este processo de uma candidatura fora do PT. E esperamos também que, a partir da unidade do PT, possamos retomar a discussão na perspectiva da unidade da esquerda, das forças progressistas e do campo democrático-popular.

O senhor está passando a bola para o prefeito?
Na prática, a bola, no plano municipal, está com o prefeito Fernando Pimentel. Cabe a ele um gesto de inclusão de pessoas que foram excluídas. Dentre elas eu me incluo.

E quanto à chapa Marcio Lacerda-Roberto Carvalho? Seria mantida?
Meu raciocínio é claro. Entendo, junto com outros companheiros e companheiras, que o processo em Belo Horizonte foi equivocado e o que é equivocado deve ser corrigido.

terça-feira, maio 27, 2008

Executiva do PT mantém veto à aliança com tucanos em BH

A Executiva Nacional do PT manteve o veto à aliança com tucanos em Belo Horizonte. Por 13 a 2, a executiva manteve a decisão de proibir que o partido se coligue com o PSDB na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte. A aliança havia sido costurada pelo prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT) com o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB).

Pela aliança costurada entre Pimentel e Aécio, os dois partidos apoiaram a candidatura a prefeito do empresário Márcio Lacerda (PSB), secretário estadual de Minas. Como parte do acordo, o PT indicaria a vice da chapa.

A aliança com os tucanos havia sido aprovada pelas Executivas Municipal e Estadual do PT em Minas. Com a decisão desta segunda-feira, a palavra final sobre a aliança deverá ser do Diretório Nacional do PT, que se reúne nesta sexta-feira e sábado, em Brasília.

Os dois votos favoráveis à aliança da Executiva foram de Romênio Pereira, secretário de assuntos institucionais do PT, e de Jorge Coelho, um dos três vice-presidentes da legenda. A justificativa da Executiva para vetar a coligação é que uma eventual aliança entre PT e PSDB poderia interferir na campanha presidencial de 2010 – na qual Aécio é apontado como eventual candidato contra um nome apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos últimos dias, Pimentel e Aécio intensificaram as ações para assegurar a chapa. Mas há um acordo no PT para que a decisão não saia nesta segunda-feira. Pimentel esteve de Brasília, de onde saiu com promessas de apoio na reunião do dia 30 e sinais de que a divisão interna no PT nacional pode aumentar.

(fonte: Portal Uai)

sábado, maio 24, 2008

Militância promove manifesto contra a aliança PT-PSDB em BH


"Os militantes petistas, abaixo assinados, manifestam seu repúdio à aliança do PT com o PSDB, usando o PSB como laranja, em Belo Horizonte. Temos a preocupação com o quadro político de divisão das forças que sustentam uma administração popular e com os desdobramentos políticos de acordos feitos em torno de projetos pessoais de lideranças, em detrimento .de compromissos programáticos.

Nossa posição se fundamenta no fiel cumprimento das Resoluções aprovadas no III Congresso Nacional do PT; nas Resoluções 02 e 04/08, do Diretório Estadual, que condena o Governo Aécio Neves e prioriza alianças com partidos aliados do Governo Lula. Neste sentido, apoiamos a manutenção do veto da Executiva Nacional à tal aliança política, que visa somente ao fortalecimento da candidatura do Governador Aécio Neves à Presidência da República.

Condenamos não só a aliança em si, como também os métodos utilizados pelo Prefeito Pimentel para definir o candidato do PSB, desrespeitando os partidos políticos e suas instâncias de decisão. Estes métodos não são diferentes do coronelismo, principal pilar da política conservadora e das oligarquias.A possível aliança PT-PSDB, em Belo Horizonte, é um verdadeiro ato de entreguismo. As políticas públicas implantadas conquistadas a duras penas sempre tiveram o PSDB como principal oposição. Além disso, a aliança sinaliza como uma iniciativa de acordo político a ser praticado no Estado e no país, com o abandono das políticas públicas implantadas pelo Governo Lula e pelos 16 anos de administração democrática e popular.

Não acreditamos que o Governador Aécio Neves tenha compromissos com o combate à desigualdade social, com a interlocução com os movimentos sociais, com a garantia dos direitos dos trabalhadores, com o combate à corrupção, com a democratização dos meios de comunicação e com o avanço das conquistas populares.

Defendemos uma candidatura própria do PT a Presidente da República para dar continuidade às grandes mudanças implantadas pelo Governo Lula. Temos muitos companheiros que podem assumir esta tarefa."

Mais informações em http://www.motim13.blogspot.com.
Para assinar, mande um e-mail para motim13@gmail.com.

PT e PSDB: diálogo eleitoral ou monólogo programático?

A ausência de projetos conseqüentes e coerentes na política brasileira faz com que velhas teses ressurjam como se saíssem do ventre revolucionário da pós-moderníssima inteligência da esquerda. "A aliança entre PT e PSDB, fora dos marcos da radicalidade paulista, é a alternativa à governabilidade de um projeto de desenvolvimento soberano", apontam alguns petistas ante a angustiante disputa política que Brasília vivencia.

Por Jô Moraes, deputada federal e presidente estadual do PCdoB/MG, no portal Vermelho.

A tal união dos contrários na esfera político-partidária, como solução aos dolorosos conflitos que um país vive para encontrar o seu caminho de desenvolvimento e paz não é novidade. (A não ser em períodos pós-ditatoriais ou naqueles velhos tempos de UDN versus PSD de saudosa memória de coerência e convicções).

Quem já não leu artigos, teses, propostas que procuravam aproximar os social-democratas petistas aos social-democratas tucanos, nos inumeráveis e profícuos congressos partidários ou estudos acadêmicos?

A novidade é que agora é Minas Gerais, um estado de tradição nacionalista, a ousadia agora é mineira, a coragem "transgressora" é mineira! O governador do PSDB, juntamente com o prefeito do PT, estão propondo um nome, ungido pelos dois, para continuar o projeto popular encabeçado pelo PT e outras forças populares e democráticas, ao qual o PSDB fez oposição durante 15 anos! Não subestimem a inteligência do governador de Minas, o amigo que foi indicado para ser ungido prefeito foi orientado a filiar-se no PSB, partido da base de sustentação do Presidente Lula.

(Os eleitores que nos perdoem se não entendem, mas a confusão é universal!). O argumento central que o prefeito e o governador apresentam é que "o bom entendimento entre dois administradores públicos — prefeito e governador — assegurou os avanços que a capital mineira conseguiu nos últimos anos". E quem estiver contra esse entendimento está contra a cidade.

Alguém pode explicar por que Belo Horizonte não teve esses investimentos, mesmo quando o prefeito da capital era do mesmo partido do presidente da República — diga-se PSDB? Um era brigado com o outro, por acaso?

É evidente que "bom entendimento entre instâncias administrativas" já está garantido na constituição e qualquer coisa em contrário é neurônio a menos. O problema central é que não há investimentos nem crescimento nos municípios se não houver um projeto nacional que tenha como objetivo central o desenvolvimento soberano com distribuição de renda. E esta não é a proposta do PSDB. O PSDB, independente da vontade de alguns políticos a ele filiados, representa o ideário do sistema financeiro e do grande capital, especialmente do que se situa em São Paulo.

O Brasil e Minas precisam de investimentos produtivos, de produção com valor agregado e de valorização do trabalho. Sob hegemonia do sistema financeiro e do grande capital, especialmente o que se concentrou em São Paulo, Minas não terá vez, assim como o resto do Brasil.

O "monólogo programático" do PT X PSDB exclui o país, a democracia, os que produzem e os que trabalham. E lembremos aqui o aprendizado que a experiência socialista indica: "as máquinas administrativas não devem substituir as forças políticas e sociais na dinâmica política". Leia-se: o prefeito e o governador, por mais legítimas que sejam suas lideranças, não podem substituir os partidos e as forças sociais nos processos democráticos das escolhas políticas e representativas.

quinta-feira, maio 22, 2008

Aécio, Pimentel e a voz do povo

Cordel mineiro - De como Aecím completa os trabaios de FHC
(fonte: em cima da notícia)

1. Belzonte, quem diria,
Que ocê viria um dia
Se transformá de capitá
Num bitelo arraiá

2. Nos araiá os homes mandam
De dotô a coroné
Com’é triste a sina lá
Nóis dicá sabe cumé.

3. Um coroné se ajunta
C’um coroné maió.
Aí, uai, a gente sabe
Que nóis levemo a pió.


1. LIBERTAS QUÆ SERA TAMEN
Faz um triango do bem
Triango é coisa de Deus
Pai, fio e o espírito amém.

2. Do triango das Bermudas
Todo mundo qué saí
Do triango amoroso
O gostin é bão sinti.

3. O triango tambeim serve
Pros dinhero se lavá...
Mas triango na política
Tem trem pra se ocurtá.

4. Qui tão ocurtano os treis
O Aéço, o Márcio e o Pimenté?
Dum trem nóis tem certeza:
Num é coisa de muié.

5. Antão será coisa de dinhero?
Isso num dá pra pensá
Os moço são honesto
Num tem alma pra negociá.

6. O certo antão sô moço
Que cada quar tem seu prano
E oceis da capitá
Vão purgá por quatro ano.

7. E nóis do resto de Minas
E dos otro estados forero
Vamo vê o Pimenté
Guvernadô dos minero.

8. De quebra vai o Aecim,
Todo bunito e facero,
Presidente da república
Vendê o Brasi prusistrangero

---

Leia também: Congresso da Juventude Petista de Minas Gerais repudia aliança com PSDB em BH

Apesar de não estar escrevendo muito, por motivos vários, acho que já deixei claro aqui no blog que eu também repudio essa aliança, que acho absurda, descabida e oportunista. É uma grande decepção pra mim ver gente do PT apoiando isso, ou fingindo que não tem nada com isso pra não se comprometer. Essa aliança é o fim da picada!

Apesar de nunca ter filiado, sempre fui uma militante ativa. Mas foi exatamente por isso que nunca me filiei: porque eu detestaria ter que romper com um partido que ainda é o que mais se aproxima do que eu acredito por conta de uma definição de cúpula que eu não concordo. Por isso, não tenho o menor pudor em declarar que continuo Lulista, continuo acreditando na maioria das propostas petistas, continuo até achando que o Pimentel é um excelente prefeito. Isso me dói ainda mais, porque ele é um cara que não precisava disso tudo pra fazer seu sucessor. O que deixa claro que seu sucessor, e consequëntemente o futuro da cidade, é o que menos importa a esse senhor nessa história toda.

Eu nem conheço esse Lacerda. Poderia vir a votar nele se não fosse o apoio tucano. E não me importa se ele vier com propostas sensacionais, para mim, a candidatura já nasceu com um erro imperdoável, e de certas coisas eu não abro mão. Vou lamentar muito se tiver que anular meu voto este ano, mas não é uma hipótese que eu descarte. Tomara que não. Tomara que a Jô Moraes não faça uma besteira semelhante...

sexta-feira, março 28, 2008

Crônica de um Aécio anunciado

As elites mineiras há muito tem um sonho: eleger, novamente, um presidente da República. Lembram-se de Juscelino, da política do café com leite, lamentam Tancredo Neves, e... hoje, só falam de "Aécio".

Para concretizar esse sonho e devido à dianteira de Serra, tucanos mineiros e aliados, lançaram, às pressas, um comitê denominado "Núcleo Informal Estratégico Pró-Candidatura do governador Aécio Neves à Presidência da República".

O governo e seu núcleo sabem que a estratégia utilizada pela oposição de desqualificar o governo petista, buscando o impeachment do presidente Lula está ultrapassada. O povo derrotou Alckmin, a mídia e as elites conservadoras deste país. O segundo governo de Lula avança e estabiliza o crescimento da economia em mais de 5% ao ano, gerando emprego e renda e, principalmente, dividindo esses resultados positivos com as massas empobrecidas de nosso país.

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a partir de agora, presente nos bolsões demiséria dos grandes centros e o "Territórios da Cidadania" nos bolsões de miséria da área rural, consolidam o governo e o PT junto à imensa maioria do nosso povo, colocando-os, junto com os aliados, como favoritos a continuar governando o Brasil. Em outras palavras, Lula tem tudo para fazer o seu sucessor.

Portanto, o governador de Minas e seu núcleo estratégico sabem que tem uma pedra no meio do caminho, sendo melhor contorná-la, já que não conseguiram destruí-la. Querem convencer o PSDB nacionalmente que sua candidatura é a única possível de superar uma outra apoiada pelo presidente Lula. Por isso, declarou recentemente que não quer ser um candidato anti-Lula (como José Serra), mas, um presidente pós-Lula.

O aceno é claro para as elites brasileiras: o que interessa é barrar o projeto democrático e popular em curso e retomar no pós-Lula as idéias neoliberais do período FHC. No entanto, para que isto seja possível, o governador e sua tropa precisam de tempo e suprimentos. Precisam conquistar a maioria brasileira, em especial os mais pobres, cada vez mais próximos do governo Lula e do PT.

Aí é que entra Belo Horizonte. Aécio quer o PT de BH para exibi-lo como troféu. Na campanha eleitoral, buscaria confundir o eleitorado, como se ele, Dilma, Patrus, Jacques Wagner ou Ciro fossem a mesma coisa, o mesmo projeto. De preferência estando no PSDB, pois daria segurança às elites do seu propósito neoliberal e apontaria como maldoso e mentiroso o argumento dos aliados de José Serra de que seria uma aventura populista ou neo-esquerdista.

Se a escolha do PSDB for por Serra servirá qualquer outra sigla que lhe dê carona, pois está convencido de que em 2010 o cavalo passará arreado. De toda forma as elites não têm com o que se preocupar. Afinal, seus dois governos em Minas foram exemplares para o modelo liberal: choque de gestão contra o serviço público; movimentos sindical e popular reprimidos com truculência; oposição sufocada; mídia amordaçada; investimentos sociais mínimos, política tributária beneficiando as grandes empresas, estado mínimo, etc...

Um deputado partidário desta estratégia me revelou com entusiasmo a pretensão do "grupo": "realizar uma nova Inconfidência Mineira". Exageros à parte, este é o pensamento predominante entre as elites das Alterosas. O problema desta história — que só poderia se repetir como farsa — é que não existe Tiradentes, mas muitos Joaquins Silverios dos Reis.

Mesmo estando claro que há 16 anos o PT e seus aliados administram muito bem Belo Horizonte – com dezenas de programas sociais de resgate da cidadania e divisão de renda, entre eles a escola integrada, o orçamento participativo, os conselhos populares; com as finanças em dia; com capacidade de investimento; com intervenções em vilas e favelas e melhorias no saneamento –; mesmo com a prefeitura e o prefeito muito bem avaliados e o PT com quase 30% de preferência na cidade; mesmo com a possibilidade de reeditar a aliança junto ao PMDB e PCdoB, garantindo uma eleição vitoriosa; mesmo assim, esta inusitada aliança entre PT e PSDB, via PSB, aqui com papel de laranja, (aliás na última eleição municipal, PT e PSB foram adversários – Pimentel x João Leite) ameaça ser implementada na capital com repercussão em Minas Gerais e no país.

Aliados são esquecidos, a unidade petista posta de lado e vereadores e deputados, antigos adversários na capital, são, repentinamente, conclamados a aderirem a esse estranho projeto.

Algumas lideranças petistas surfam nesta onda e ganham páginas na mesma imprensa "aecista" que trabalhou pelo impeachment do presidente Lula e que continua a atacar o nosso governo e o PT. Os que discordam são perseguidos e a tese de não-aliança com o PSDB aparece como irrelevante, quando raramente citada, criando-se um clima ditatorial de pensamento único, já bem conhecido dos mineiros.

Alguns agem assim com uma análise equivocada de que PT e PSDB têm projetos semelhantes e que um dia governarão juntos o Brasil. Tese sem consistência programática, posto que em 2010, novamente, liderarão blocos adversários na condução do país. Outros, por puro pragmatismo, adesão ou sobrevivência política. De toda forma, seja como for, prestam um desserviço ao projeto democrático popular em curso no país e que precisa continuar a bem dos trabalhadores e despossuídos.

Entendo que contribuir com esta aliança em BH é dar ao PSDB mineiro o troféu de que precisa para se mostrar credenciado junto às elites brasileiras a retomar o caminho trágico do projeto neoliberal interrompido.

Mais que um alerta, fica um apelo aos petistas de Belo Horizonte, de Minas e do Brasil: não caiam na crônica de um Aécio anunciado.

(Rogério Corrêa - PT/MG)

quarta-feira, março 26, 2008

Pimentel, aliança com o PSDB e fins injustificados

O debate suscitado pelo firme propósito do prefeito de BH, Fernando Pimentel, de comprometer o PT da cidade numa aliança político-eleitoral com o PSDB tem passado ao largo de questões fundamentais.

A principal e mais incômoda questão aponta para as razões da aliança. Será que elas dizem respeito aos interesses estratégicos do PT, seja em BH, seja em Minas Gerais, seja no Brasil? Ou, diferentemente, dizem respeito aos interesses do líder Pimentel, que encontra aí oportunidade de alavancar vôos mais altos no panorama político nacional, utilizando-se, para tanto, de uma associação oportunística com o governador tucano (e pré-candidato a presidente) Aécio Neves?

Como vem sendo apresentada à opinião pública e às instâncias internas do partido, a idéia de aliança com o adversário histórico só pode ser parte de uma equação que tem como resultado cacifar o prefeito Pimentel para outros vôos. Ele faz isso em detrimento do projeto partidário, dos procedimentos internos de tomada de decisão e, mais grave, com enorme prejuízo para a imagem do partido perante suas bases, das mais orgânicas às mais difusas porém não menos leais do ponto de vista eleitoral.

Se fosse outra a razão da aliança, que não à do interesse pessoal do prefeito e seu grupo, cabe levar à ultima conseqüência o seguinte debate: qual o ganho, para o partido, em abrir mão de uma candidatura própria com amplas possibilidades de vitória? Qual será o ganho para a cidade se se concretizar a hipótese de vitória dessa aliança inusitada?

Em entrevistas e conversas, Pimentel tem dito que pesquisas apontam que a população vê com bons olhos a "harmonia" entre as forças políticas. Interessante seria se a população dissesse o contrário... Mas, a partir daí, o enredo é ensaiado com o governador, de quem emulou o discurso da vocação mineira para a conciliação e entendimento. Lança mão e incorpora, como se acreditasse de verdade, no velho e surrado discurso do avô de Aécio, com citações ufanistas à "mineiridade", essa alma mítica para a qual o fazer político é atividade nobre somente se guiada pela determinação de aplainar arestas e construir consensos.

Qualquer estudante de primeiro período do curso de sociologia sabe que o discurso da mineiridade é um engodo só. Foi construído na República Velha para justificar os acordos dentro da elite, acomodando seus interesses e, claro, deixando de fora os demais, quer dizer, o povo ou suas instâncias de representação. No caso de Pimentel, muito mais grave, deixa-se de fora o PT – que, com todos os defeitos, ainda é o único partido político brasileiro que preserva um mínimo de democracia interna e impõe limites à prática do caciquismo político – tão comuns, notadamente na outra ponta da presente aliança.

Quanto aos riscos para a cidade, considero eloqüente a ausência – nas conversas, entrevistas, na badalação midiática promovida pelo governador Aécio e o prefeito Pimentel – do tema "programa de governo para BH". Aí reside o ponto central do nosso argumento. A aliança é tão somente meio, não é fim em si mesmo, não visa a cidade, não visa o bem-estar da população. O silêncio sobre o que farão e como farão, se governarem juntos BH, é o ato falho que denuncia o despropósito político da jogada.

Arrisco-me a dizer BH corre sério risco é de perder os avanços que conquistou desde que o PT, com Patrus Ananias, conquistou o poder em 1993. Avanços para os quais o PSDB sem dúvida alguma, contribui, atuando como oposição diligente. Mas que seria incapaz de fazer por si próprio, seja por não considerar, em seus métodos, a participação popular na construção de soluções que hoje são consagradas, seja por não ter mecanismos internos de crítica e autocrítica – tampouco quadros locais preparados – para administrar uma cidade como BH.

Retirar o partido do processo de escolha do candidato. Usar do poder que lhe confere o Diário Oficial do Município para convencer a militância acerca de suas teses. É essa a obra, verdadeiro PAC do desvirtuamento político, que Pimentel quer nos legar, aos munícipes e aos militantes partidários, com a aliança PT-PSDB.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Campanha pela redução da conta de luz em Minas

Na época da campanha de 2006 nós já havíamos falado aqui sobre o absurdo que é cobrado do cidadão mineiro pela energia elétrica, e como a propaganda do governador sobre a responsabilidade desse valor era mentirosa. Clique aqui para relembrar.

A situação não mudou, e o consumidor residencial de Minas continua pagando a energia mais cara do Brasil. Até agora.

No dia 29 de janeiro, a Aneel anunciou uma proposta de revisão tarifária para a Cemig, em que propõe a redução média da tarifa de energia elétrica em 9,72%. Essa proposta está submetida a consulta pública. Qualquer cidadão pode enviar sua manifestação por e-mail, fax ou correio, sugerindo alterações, que, por lei, serão obrigatoriamente analisadas pela Aneel até o dia 5 de março, quando ocorrerá em BH uma audiência pública sobre o tema. O novo índice definido por esta revisão entrará em vigor no dia 8 de abril.

Mas se a proposta já é reduzir, por que devemos nos manifestar?

Por vários motivos. O primeiro e mais óbvio é porque a redução pode ser maior que a proposta. Uma inspeção feita pelo Tribunal de Contas da União nas contas da última revisão tarifária, em 2003, mostrou que o aumento de 31,52% concedido nesta época deveria ter sido menor. Além disso, nos últimos anos, foram concedidos diversos outros aumentos: 14,78% em 2004; 18,48% em 2005; 5,16% em 2006 e 6,5% em 2007. Também no ano passado, a Cemig entrou com um recurso junto à Aneel solicitando um aumento de mais de 20%, alegando a necessidade de incrementar sua estrutura de licitações e contratos – necessidade que se mostra questionável quando tomamos conhecimento de que a empresa não tem adotado o Pregão, modalidade de licitação instituída pela Lei Federal nº 10.520/2002 e tida como mais econômica, rápida e transparente.

O deputado estadual Weliton Prado (PT) alega também que faltou transparência no cálculo do índice proposto atualmente: "a Aneel não especificou o cálculo nem na nota técnica nem em nenhuma das mais de quatrocentas páginas do processo de revisão". Weliton, junto com o deputado federal Elismar Prado (PT), está organizando uma campanha popular pela redução da tarifa de energia. Ambos estão colhendo assinaturas para um abaixo-assinado que será entregue à Aneel na audiência do dia 05.

No site do deputado estadual, além das últimas notícias sobre o assunto, foram disponibilizados links para:
1) download do arquivo do abaixo-assinado em pdf;
2) uma lista de modelos de contribuições (elaborados pelas consultorias técnicas dos dois mandatos parlamentares) que podem ser enviadas pelos cidadãos para a Aneel, e
3) consulta à relação de contribuições já enviadas para a agência até agora.

(clique na figura para ampliar)

Quer colaborar? Então anote aí:

Audiência pública sobre a revisão tarifária da Cemig
5 de março, quarta-feira, das 8hs às 12hs,
no auditório do Centro de Educação Tecnológica – CEFET
(Av. Amazonas, 5253, Nova Suíça, Belo Horizonte)

Envie sua manifestação
por e-mail: ap007_2008@aneel.gov.br
por fax: (61) 2192-8839
pelo correio: SGAN, Quadra 603, Módulo I, Térreo
Protocolo Geral da Aneel, CEP 70.830-030, Brasília/DF

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Atenção: exatamente enquanto toda essa mobilização ocorre (coincidência?), no mundo encantado de Caras a Cemig lança sua nova campanha institucional, exibindo depoimentos de consumidores beneficiados pela chamada "tarifa social" – que isenta os consumidores de baixa renda do ICMS – e louvando "a melhor energia do Brasil". Fique esperto, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, a redução das tarifas beneficia a todos os consumidores residenciais, isentos de impostos ou não.

Todos juntos somos fortes!

Recebi por e-mail a proposta deste blog e declaro meu apoio total! Em solidariedade ao jornalista Luis Nassif, que tão bravamente tem denunciado inúmeros podres da revista Veja, a idéia é que todo blog inclua o link para http://luis.nassif.googlepages.com/home sempre que escrever em seu blog a palavra "Veja". Quanto mais gente fizer isso – assim, exatamente do mesmo jeito –, maior a probabilidade da denúncia do Nassif subir cada vez mais posições na lista das buscas por Veja no Google e nos demais mecanismos de busca. É a união dos pequenos revertendo a vantagem da popularidade do inimigo! Genial!

(obs: post de 28/02. coloquei a data errada apenas para manter a campanha pela redução da tarifa de energia no topo do blog)

terça-feira, janeiro 15, 2008

Macartismo Mineiro

(Por Pedro Venceslau, publicado na edição de novembro de 2007 da Revista Fórum)

Nelson Rodrigues costumava dizer que toda unanimidade é burra. Em Minas Gerais, a unanimidade em torno do governador Aécio Neves vai mais longe. É, além de burra, truculenta, cega e venal. Nenhum outro governador brasileiro ostenta índices tão altos de aprovação e popularidade. Apontado como um dos favoritos ao Planalto em 2010, Aécio raramente aparece na mídia em situações desconfortáveis ou constrangedoras. Quando isso acontece, como no caso do "mensalão tucano", a imprensa mineira é a última tocar no assunto. Via de regra, espera um sinal de fumaça do Palácio da Liberdade para entrar na pauta, sempre na esteira da defesa do governador. Mas de onde vem esse fervoroso engajamento jornalístico? Será bairrismo em torno da perspectiva de um mineiro na presidência? Ou é o fato de o governador ser jovem, boa pinta e austero com as finanças?

Nos bastidores do Palácio da Liberdade, sede do governo mineiro, existe uma azeitada máquina de comunicação e propaganda trabalhando a todo vapor para manter a imagem de Aécio intacta e em alta até as eleições de 2010. Esse projeto de poder, que começou a ser gestado em 2002, é baseado no binômio truculência e dinheiro. Em Minas, é proibido falar mal do governador. Casos de jornalistas que ousaram quebrar essa regra e foram demitidos ou ameaçados existem aos borbotões. O resultado, em muitos casos, é a opção pela auto-censura como forma de sobrevivência.

Esse consenso tem sido financiado por uma farta publicidade estatal. Não é a administração direta, mas as estatais que mais gastam em comunicação e publicidade. Com isso, fica mais difícil a fiscalização da Assembléia Legislativa, que ainda por cima conta com uma oposição pouco coesa. "Minas é um estado com alto grau de censura. A imprensa, aqui, é porta-voz do governo Aécio. Existem muitas denúncias de jornalistas perseguidos pelo Palácio da Liberdade. A intervenção do governo se dá de forma direta. Eles pedem a demissão de funcionários e, em muitos casos, são atendidos. Hoje, a censura é mais econômica, já que a cota de publicidade (estatal) nunca foi tão alta. O gasto de publicidade de Aécio cresceu 500% em relação a Itamar. Na execução fiscal de 2006, ele gastou 400% a mais que o previsto", relata o deputado estadual Carlin Moura, do PCdoB.

A pedido da Fórum, Carlin enviou um requerimento ao governo pedindo uma planilha detalhada com todos os investimentos publicitários do estado, incluindo as estatais. Até o fechamento desta edição, esses dados ainda não haviam sido liberados. "Existe uma caixa preta, já que a maioria dos gastos é feita por empresas estatais, como a Cemig e a Copasa, sobre as quais a Assembléia não tem controle. Eles não dão as rubricas separadas", conclui Carlin. Em tempo. Segundo dados do Diário Oficial de Minas, a Copasa gastou, só no primeiro trimestre de 2007, R$5.208.000. A estatal opera com duas agências, a 3P Comunicação e a RC Comunicação Ltda. No segundo trimestre, a estatal gastou mais R$6.615.000, sempre com as mesmas agências. "As empresas são obrigadas, por um dispositivo legal, a informar o volume de gastos, mas não temos como fazer o acompanhamento orçamentário", informa um assessor da Assembléia Legislativa. O Diário Oficial informa, ainda, que, em 2007, a Secretaria de Estado de Governo já ultrapassou os R$30 mil.

Não foi por acaso que Minas Gerais foi o estado que registrou a maior adesão à Semana de Democratização da Mídia. No último dia 5 de outubro, cerca de mil manifestantes de entidades como Abraço, FNDC, Fenaj, CUT, UNE e MST se concentraram em frente ao Palácio da Liberdade. Além de pedir transparência nos processos de concessão de TV, os mineiros denunciaram a falta de liberdade de imprensa no estado. "Em Minas Gerais a liberdade de pensamento é muito mais atacada, pois vivemos sob uma pesada censura praticada pelo governo do estado em parceria com os donos dos principais veículos. Com o objetivo de promover a blindagem em torno da figura do governador Aécio Neves, vários jornalistas foram demitidos por produzirem matérias que desagradaram o Palácio da Liberdade. Depois dessa perseguição, nunca mais se viu ou se ouviu uma única reportagem que contrariasse o interesse da elite que governa Minas Gerais", resumiu o manifesto batizado de "Carta de Belo Horizonte", produzido pelos manifestantes.

"O maior jornal do estado, O Estado de Minas, eu chamo de 'O Estrago de Minas'. Ele é totalmente ligado ao governador. A verdade é que todos estão comprometidos. Não sobra nenhum. Chamam o Aécio de 'o filho do avô'. Ele não tem tradição nenhuma na política, mas é blindado. Por quê? Falam do mensalão mineiro, mas deviam investigar é o mensalão da mídia mineira", diz José Guilherme Castro, coordenador de comunicação e cultura da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço) e secretário geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). "Aqui em Minas não saiu nada sobre o mensalão mineiro. Só começaram a publicar essa história quando veio a reação do Aécio", conclui Kerisson Lopes, um dos organizadores da manifestação do dia 5 de outubro, em Minas.

Neste último mês, Fórum conversou com jornalistas, políticos, pesquisou números e levantou histórias reveladoras sobre os bastidores de uma relação mais que promíscua entre o primeiro e o quarto poder em Minas Gerais.


Coco e romance em Ipanema

Em plena tarde de quinta feira, três carros de luxo estacionam em frente a um quiosque de Ipanema, na altura do Jardim de Alah. Os curiosos param para ver a cena. Um casal desce cercado por seguranças e pede água de coco. No dia seguinte, os jornais cariocas revelam o nome dos pombinhos: Aécio Neves e a miss Natália Guimarães. A nota repercutiu no país inteiro, menos em Minas Gerais. Ocorre que, naquele mesmo dia, o governador tinha um importante compromisso – uma solenidade em homenagem à cultura mineira. Diante da inusitada ausência do governador, o vice Antônio Augusto Anastasia teve de improvisar o discurso. Esse pequeno episódio foi lembrado pelo deputado Carlin para um plenário vazio na Assembléia Legislativa de Minas.

Não houve repercussão. Ninguém tocou no assunto, nem mesmo nas colunas sociais locais. O "namoro" só veio à tona na base de Aécio quando sua assessoria achou conveniente. "O romance do governador com a miss Brasil", estampou, na capa, a revista IstoÉ Gente do último dia 15 de outubro. O episódio é menor, mas cheio de significado. Apesar do clima de macartismo, alguns profissionais ousam revelar os bastidores do esquema. Fórum conversou com um dos editores de um dos maiores jornais mineiros. Por motivos óbvios, ele pede para não ter seu nome revelado. "As pautas chegam com algumas rec's (recomendações). É o editor-chefe quem administra isso. Ele precisa ter jogo de cintura. Para garantir essa blindagem, o governo ataca em massa e manda fazer cadernos especiais de estatais, especialmente da Copasa. Quem cuida dessa interlocução diretamente é a irmã do Aécio, Andréia Neves. É ela que manda na área de imprensa. O Aécio paira por cima. Andréia provocou a demissão de vários companheiros."

O nome de Andréia Neves da Cunha, 48 anos, irmã mais velha de Aécio e chefe do serviço de assistência social do estado, causa calafrios nas redações mineiras, especialmente nas de Belo Horizonte. Apesar de, formalmente, ocupar um cargo que tradicionalmente pertence à primeira dama, na prática é ela a comandante de fato da área de comunicação da administração. Em reportagem publicada em outubro no jornal Valor Econômico, os repórteres César Felício e Ivana Moreira revelaram ao Brasil o que todo jornalista mineiro já sabia. Coube a Andréia o comando da operação colocada em curso para minimizar os danos do noticiário do mensalão tucano sobre seu irmão. Foi ela que decidiu pela estratégia de aguardar uma semana para que Aécio se pronunciasse oficialmente.

Além do serviço social, a irmã de Aécio também comanda o Grupo Técnico de Comunicação, uma equipe de 12 profissionais de mídia empregados na estrutura do estado e que determina as ações de marketing. Não é exagero dizer que esse é o quartel general da inquisição.


Andréia mãos de tesoura

Era para ser apenas um trabalho de conclusão de curso, mas se tornou um dos vídeos mais assistidos do site YouTube. Em 2003, o estudante de comunicação da UFMG, Marcelo Baeta, recebeu anonimamente uma lista de jornalistas demitidos a pedido do governador. Ficou com a pulga atrás da orelha e passou a prestar mais atenção no noticiário. A decisão definitiva de fazer um documentário foi tomada em novembro de 2004, quando o governo lançou uma campanha maciça para anunciar o "déficit zero". Baeta notou que a matéria do repórter Ismar Madeira, no Jornal Nacional, era bem parecida com os anúncios publicitários do governo do intervalo, onde um ator-repórter anunciava que "Minas Gerais superou uma década no vermelho". Um escândalo. No fim da noite, Aécio apareceu no programa Jô Soares, no qual foi fartamente elogiado pelo apresentador bonachão.

A apuração de Baeta revelou a faceta mais brutal do governo Aécio. Um dos entrevistados foi o jornalista Marco Nascimento, hoje diretor de jornalismo da TV Gazeta, em São Paulo. Ele conta, sem rodeios, que Andréia Neves pediu sua cabeça logo depois das eleições, quando Nascimento era diretor de jornalismo da Globo MG, em função de uma série de matérias "que estavam sendo ruins para o governo". "Imaginei que contaria com o apoio da Globo no Rio, mas estava enganado", disse a Baeta. Procurado por Fórum, Nascimento disse que prefere não falar mais sobre esse assunto. Ele não imaginava que um trabalho de conclusão de curso fosse ter tamanha repercussão, a ponto de ser citado em matérias publicadas na Europa.

Outro que denunciou os abusos de Aécio, mas acabou voltando atrás, foi o jornalista esportivo Jorge Kajuru. Em maio de 2004, ele ficou furioso na véspera de um jogo da seleção brasileira no Mineirão. Com o microfone em punho, esbravejou: "Sobra ingresso para os convidados do governador de Minas, falta para o torcedor". Resultado: foi demitido no intervalo. Irado, Kajuru fez um desabafo no programa do apresentador Clodovil. "A irmãzinha dele (Aécio) pede a cabeça de jornalista. Tem jornalista em Belo Horizonte perdendo emprego por causa dela. A emissora sofreu uma pressão enorme. Aécio deve estar rindo agora."

Não resta dúvida de que o período mais agressivo das investidas de Andréia Neves contra os jornalistas foi entre 2003 e 2004. "Nos primeiros anos de governo, recebíamos muitas denúncias graves de jornalistas que reclamavam de cerceamento por parte dos editores. Havia ingerência direta do governo e da assessoria na cobertura. Era escancarado. Os proprietários eram pressionados e pressionavam os editores para barrar a divulgação de matérias ruins para o governo", revela Alexandre Campelo, diretor do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais. "Os repórteres denunciavam mudanças e distorções nas matérias que escreviam. Nos últimos dois anos, as queixas diminuíram. Na minha opinião, a pressão, hoje, é mais financeira. A conjuntura profissional – leia-se falta de emprego – colabora para deixar os jornalistas com medo. A cobertura, por sua vez, continua chapa branca. É difícil ver notícias de impacto contra o governo ou o governador. Denúncias só aparecem em veículos de outros estados", completa.


O caso Lindemberg

Não é de hoje que a imprensa mineira mantém relações promíscuas com o governo estadual. Há quem diga que a tradição nasceu com Assis Chateubriand e seu império, os Diários Associados, grupo que ainda hoje é forte no estado – é dono do jornal O Estado de Minas. Especulações à parte, existe um episódio curioso que passou completamente batido pela grande imprensa nacional, mas que merece ser observado com lupa. No último dia 19 de setembro, a revista IstoÉ publicou uma reportagem explosiva: "Exclusivo: Os documentos do mensalão mineiro".

A repercussão foi imediata em todo o país, menos em Minas. Mas isso não vem ao caso. O que chama atenção é o fato de que o documento que deu origem à matéria – um relatório da Polícia Federal – está, hoje, disponível na internet para quem quiser ler e repercutir. Mas, curiosamente, existe pouca gente interessada no assunto. Fórum imprimiu e esmiuçou as 172 páginas do relatório. E descobriu que ainda existe muita pauta quase inédita para ser publicada. Em linhas gerais, o relatório – que se refere ao período em que o tucano Eduardo Azeredo foi governador e candidato a reeleição – mostra que toda a estrutura de caixa dois criada por Marcos Valério passava pela comunicação, por meio da simulação de gastos com comunicação.

Mas isso também não é novidade. Na página 151, entretanto, um nome salta aos olhos: Carlos Lindemberg Spínola Castro. Para quem não sabe, ele era na época e ainda é editor do jornal Hoje em Dia, que pertence à Igreja Universal e é um dos maiores do estado. No período investigado, o ano de 1998, quando Azeredo tentou a reeleição, Lindemberg recebeu da SMP&B, portanto da campanha, R$130 mil para dar "opiniões políticas". Em depoimento para a Polícia Federal, ele reconhece que recebeu R$50 mil. Existe algum problema no fato de Lindemberg ser o responsável por um dos principais jornais do estado e receber dinheiro da campanha do governador que tenta a reeleição? A imprensa mineira acha que não. Tanto é que apenas um site no estado, o Novo Jornal, tocou no assunto. Outros jornais e revistas do Brasil chegaram a ensaiar a publicação do caso, mas foram "convencidos" a deixar quieto.

Fórum conversou com Lindemberg, que se defende. "Não existe relação entre uma coisa (ser diretor de um jornal) e outra (prestar serviço como consultor). Sempre prestei consultoria. Não trabalho para nenhum político ou agência, fui pago por uma agência de forma limpa. Tanto é que não há ilicitude em relação a mim." Além de dizer que toda unanimidade é burra, Nelson Rodrigues (sempre ele) também disse, certa vez, em sua Flor de Obsessão: "o mineiro só é solidário no câncer". Dessa vez, contudo, parece que ele errou.


Jornal mineiro é o mais vendido do Brasil

Pela primeira vez na história da imprensa brasileira os mineiros têm um jornal que é líder de circulação no país. Informa o Instituto de Verificador de Circulação (IVC) de agosto que o Super Notícia, tablóide diário de 25 centavos, vem mantendo uma média diária de 300.322 exemplares distribuídos. Isso é mais que a Folha de S.Paulo (299.010), O Globo (276.733), Extra (238.937) e O Estado de S.Paulo (238.752). Com 32 páginas de editorial e 13 de anúncio, o Super se transformou em um fenômeno abusando de sangue, mulher e futebol e reciclando material editorial dos jornais O Tempo e Pampulha, que pertencem ao mesmo grupo. O pai da idéia e dono do jornal é o empresário e político Vittorio Medioli, ex-deputado federal pelo PSDB, atualmente no PV.